Um grupo de pesquisadores ligados à Sociedade Zoológica
de Londres (ZSL) mapeou as espécies de mamíferos e anfíbios mais
distintas e ameaçadas do mundo. O projeto EDGE (sigla em inglês para
Evolucionariamente Distinto e Globalmente ameaçado) foi desenvolvido
pela ZSL para indicar as espécies que não somente estão sob ameaça de
extinção quanto são biologicamente distintas.
Os cientistas prepararam um ranking baseado nessas duas
variáveis. Segundo os pesquisadores, quanto mais alto a posição da
espécie no ranking, maior seria a perda gerada por sua extinção em
termos de história evolutiva.
O projeto também colocou em um mapa a localização dessas
espécies ameaçadas. O mapa preparado pelo estudo chama a atenção para o
fato de que somente uma fração das áreas identificadas como críticas
para a proteção dessas espécies são protegidas.
Entre as centenas de espécies indicadas pelo projeto estão 26 mamíferos e 14 anfíbios encontrados no Brasil.
Os mamíferos brasileiros com as posições mais altas no ranking do projeto EDGE são o bicho-preguiça de coleira (Bradypus torquatus), na 61ª posição do ranking, o preá Cavia intermedia (Cavia intermedia), na 68ª, e o peixe-boi-marinho (Trichechus inunguis), na 70ª. Entre os anfíbios, a rã do rio Mutum (Dasypops schirchi) é a espécie brasileira com posição mais alta no ranking (145ª).
Entre os mamíferos brasileiros com as posições mais altas no ranking está o bicho-preguiça
Foto: BBCBrasil.com
O ranking traz três espécies de équidnas (animal coberto
de espinhos e com características de répteis, aves e mamíferos)
empatadas na primeira posição do ranking: a équidna-de-barton (Zaglossus bartoni), a équidna-de-attenborough (Zaglossus bruijnii), e a équidna-de-bico-longo (Zaglossus bruijnii), todas encontradas na ilha de Nova Guiné, dividida entre a Indonésia e Papua Nova Guiné.
Prioridades
Os pesquisadores afirmam que o mapa serve como indicação das regiões com maiores concentrações dessas espécies e de quais deveriam ser as prioridades para proteção.
Os pesquisadores afirmam que o mapa serve como indicação das regiões com maiores concentrações dessas espécies e de quais deveriam ser as prioridades para proteção.
"Se você olhar para os mamíferos, se olhar somente para a
história evolucionária, as espécies que são mais diferentes de todas as
outras, as mais enraizadas, tendem a estar na América do Sul", disse à BBC Jonathan Baillie, diretor de preservação da ZSL.
"Mas se você incorpora a questão da ameaça, então o foco
munda para o sudeste da Ásia, e a razão é que a conversão do uso da
terra lá foi tão rápida, por coisas como a produção de azeite de dendê,
que muitas dessas espécies estão altamente ameaçadas e aparecem no topo
do ranking quando adicionamos essa variável", observa.
Além de chamar a atenção para o fato de que as áreas
prioritárias para mamíferos e anfíbios são diferentes, o mapa também
indica como poucas das áreas identificadas como prioridade para essas
criaturas distintas são protegidas. Apenas 5% das regiões consideradas
prioritárias para mamíferos e 15% das prioritárias para anfíbios são
protegidas.
"Tentamos atrair a atenção para uma série de espécies
que estão à beira da extinção e sobre as quais a maioria das pessoas
nunca escutaram", diz Baillie.
Pequenas mudanças
Os anfíbios estão sofrendo com uma taxa de extinção "aterrorizante", dizem os pesquisadores, tornando-os os animais vertebrados mais ameaçados do mundo.
Os anfíbios estão sofrendo com uma taxa de extinção "aterrorizante", dizem os pesquisadores, tornando-os os animais vertebrados mais ameaçados do mundo.
Eles observam, porém, que apesar dos muitos desafios
complexos envolvidos na preservação das espécies, às vezes algumas
mudanças podem fazer uma grande diferença.
Baillie cita o exemplo de um pequeno anfíbio parecido com uma minhoca, originário do Quênia, chamado Sagalla caecilian.
"A espécie estava perdendo seu habitat porque as árvores
nativas estavam sendo retiradas, então começamos um programa para
replantar as árvores nativas, e 6 mil delas já foram replantadas. As
áreas com maior concentração da espécie agora estão protegidas", afirma.
"Esse tipo de ação simples pode garantir que essas espécies continuem a existir daqui a centenas de anos", diz.
"Publicado por: Paulo César"
Fonte:
"http://noticias.terra.com.br/ciencia/animais/pesquisa-mapeia-especies-mais-ameacadas-e-distintas,d9ce49210b8ae310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html"
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