segunda-feira, 26 de maio de 2014

Bromélia não 'dá dengue' !



 Há uma diferença entre poça d’água e a água reservada pela bromélia. Segundo a arquiteta paisagista Eliane Fortino, a água da poça fica parada e rapidamente é colonizada por organismos como as larvas dos mosquitos, entre eles, o Aedes aegypti, transmissor da dengue.

 Já as bromélias  que possuem reservatórios começam a guardar água antes de seu primeiro ano de vida. Essa água é protegida pelo ambiente das folhas e se transforma rapidamente em um pequeno e rico ecossistema. A água é continuamente absorvida pela planta, suprindo-a com nutrientes. A pouca evaporação ocorre através da superfície da folha.

 “Na água armazenada na roseta das bromélias  ocorre uma sucessão intensa de formas de vida. O resultado é uma calda repleta de organismos que competem entre si, numa interdependência ecológica, dificultando a sobrevivência de tais larvas ”, diz a paisagista.

 Segundo informa a bióloga Nara Vasconcellos, dentro da planta, o mosquito da dengue não tende a se reproduzir. A pesquisadora também não recomenda que borrifos com a solução de água e água sanitária – eficaz no controle da evolução das larvas  – sejam feitos sobre a planta

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 Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Escola Nacional deSaúde  Pública (Ensp) e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro concluíram que as plantas popularmenteconhecidas  como bromélias não são, como se imaginava, microhabitats importantes para o desenvolvimento de mosquitos das espécies Aedes aegyptie Aedes albopictus, dois dos principais vetores da dengue no Brasil.

 Para o estudo, foram capturados, durante quase um ano, aproximadamente 3 mil espécimes de mosquitos encontrados  em 120 bromélias pertencentes a dez diferentes espécies da planta no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

 O espaço fica a menos de 200 metros de moradias do bairro da Gávea, área endêmica da doença no Estado do Rio de Janeiro.

Bromélias são inocentes

 “Bromélias são plantas ornamentais populares e comumente usadas em jardins públicos e privados. A abundância desse tipo de plantas onde a dengue é endêmica tem sido usada para difundir que esse tipo de planta é uma ameaça para o controle da dengue”, comentam os pesquisadores em artigo publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

 “Os resultados da coleta demonstraram que as espécies nativas de mosquitosCulex e Wyeomuia são os culicídeos mais abundantes e o Aedes aegypti e oAedes albopictus são raramente encontrados nessas plantas, que não devem assim ser consideradas um problema para o controle da dengue”.

Competição entre fêmeas

 As bromélias verificadas foram expostas a chuvas e não foram tratadas com nenhum tipo de inseticida durante a pesquisa e nem nos dez meses anteriores.

 Do total de mosquitos capturados, 77,2% eram do gênero Culex e 21,4% doWyeomuia. Somente duas larvas de Aedes aegypti (0,07% do total de mosquitos) e cinco de Aedes albopictus foram coletadas (0,18%), o que sugere não serem essas duas espécies bons competidores em relação aos outros mosquitos habitantes naturais de bromélias ou que as fêmeas dessas espécies preferem não depositar seus ovos nesses locais.

Os pesquisadores ainda alertam que, por contraste, formas imaturas de Aedes aegypti foram encontradas recipientes artificiais 5% das casas da vizinhança.


Publicado por: Fabricio

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