Contagem de anéis
Quando o tronco de uma árvore é cortado, é fácil notar que existem círculos escuros. Cada círculo é chamado de anel de crescimento. Cada anel corresponde a um ano de vida.
Os anéis são contados de dentro para fora, a partir da medula. Nas árvores que vivem em regiões de clima temperado esses anéis são bem fáceis de contar. Já nas espécies de regiões tropicais, como é o caso do Brasil, os anéis são difíceis de definir.
Isso porque o clima influencia diretamente na formação desses anéis. As árvores crescem mais no período de chuvas e nas épocas mais quentes. Quanto melhores forem as condições climáticas, mais largos são os anéis de crescimento.
Mas um ano na idade das árvores não equivale a 12 meses. O ano para elas depende dessas condições climáticas. Assim, se o clima é favorável durante a maior parte do tempo, o ano será mais longo. Se for ruim, com baixas temperaturas e poucas chuvas o ano é menor.
Por isso, essas informações que ficam marcadas no tronco também são importantes para os cientistas descobrirem mais informações sobre o clima no passado. É possível saber em que ano choveu mais ou fez muito frio, por exemplo.
Curiosidade: O método científico que determina a idade de uma árvore com base nos anéis do tronco é chamado de Dendrocronologia. Essa técnica foi inventada e desenvolvida pelo pesquisador da Universidade do Arizona Andrew Ellicott Douglass em 1929.
Carbono 14
Essa medição é apenas uma das várias formas de datação histórica. O princípio de tudo é checar a proporção no objeto estudado do elemento químico carbono 14, forma instável do carbono, um dos principais componentes dos seres vivos. Por isso o método só serve para datar coisas orgânicas, como ossos, tecidos, madeira ou papel. O passo inicial é coletar uma amostra desses materiais
A amostra - que pode ter apenas alguns miligramas - é colocada num aparelho especial, o espectrômetro de massa, que é capaz de "contar" o percentual de átomos de carbono 14 presente nela. Os materiais orgânicos absorvem esse elemento químico ao longo da vida e param de fazê-lo quando morrem. A partir daí, o carbono 14 vai sumindo a uma taxa fixa.
Tendo o percentual do elemento químico na amostra e a taxa com que ele some ao longo do tempo, já dá para estimar a idade do objeto. Mas há um limite: como o carbono 14 desaparece relativamente rápido, só dá para usar o método para datações de até 60 mil anos atrás. Além disso, a data obtida ainda precisa passar por mais uma etapa, a "calibragem" dos dados.
A presença do carbono 14 na Terra mudou ao longo do tempo por causa de eventos naturais, como radiações cósmicas ou mudanças climáticas. Sabendo desses ciclos, os cientistas corrigem a data, levando em conta se era um período com maior ou menor presença do carbono 14 no planeta. Mesmo assim, a datação ainda tem margem de erro de mais de cem anos.
Há um novo método de datação que não necessita de cortar a árvore, porém é limitado a determinadas espécies.
Um novo método de datação de árvores até aos três mil anos foi desenvolvido por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em parceria com a empresa Oliveiras Milenares. Trata-se de um modelo inovador que, ao contrário dos tradicionais, não põe em risco a sanidade das árvores.
“É uma metodologia que permite estimar a idade de árvores idosas, particularmente para os casos em que estas já não têm todo o material lenhoso acumulado ao longo dos anos, as árvores ocas”, explica José Luís Lousada, coordenador do estudo e docente do departamento de Ciências Florestaisda UTAD.
A alternativa desenvolvida “permite datar as árvores através de um modelo matemático que relaciona a idade com as características dendrométricas do tronco (raio, diâmetro ou perímetro). Desta forma é possível proceder à sua datação por um processo extremamente rápido, não destrutivo e exequível mesmo em árvores ocas”, assinala o investigador.
Assim sendo, ao contrário do que se fazia até o momento, este novo método não se baseia na identificação e contagem dos anéis de crescimento ou análise de radiocarbono da madeira formada nos primeiros anos de vida das árvores que obrigam ao seu abate e exigem que se conserve intacto todo o material lenhoso acumulado por elas ao longo da vida.
Esta nova metodologia exige que se faça um “ajustamento do modelo de crescimento médio das árvores de determinada espécie com a idade”. Depois de realizado este estudo, é possível “datar qualquer outra árvore da mesma espécie e região, em função das suas características dendrométricas (Medição das dimensões das árvores)”.
Modelo não pode ser extrapolado
Contudo, “o modelo desenvolvido é exclusivo de uma espécie florestal e da região em causa, não podendo ser extrapolado para outras espécies ou regiões com características edafo-climáticas (edafo = ‘solo’) diferentes”, frisou o docente da UTAD. Atualmente, este modelo “está aferido para as situações de Portugal, com forte influência mediterrânica”.
Detalhe: o ano de crescimento de uma árvore não equivale a 12 meses, e sim ao período (variável) em que ela cresceu durante aquele ano. Por exemplo, há centenas de anos, em uma época de grandes chuvas, uma árvore que atualmente cresce durante 8 meses do ano poderia ter crescido por 11 meses. Os fatores que determinam isso dependem da espécie da árvore e do clima. Entre eles estão a temperatura, as chuvas e o CO2 (falta de).
Publicado por: Fabricio
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